Apresentação
Quando Paulo de Tarso anunciava o seu «evangelho», o mundo greco-romano conhecia mudanças de amplo impacto. Algumas das estruturas da cidade antiga, ordenadas a partir de convenções oligárquicas e endogâmicas, sofriam então o choque de diferentes dinâmicas de miscigenação. Os grandes banquetes públicos abriam-se aos não-cidadãos – as mulheres, os jovens, os imigrantes, os estrangeiros de passagem, mais raramente os escravos. Multiplicavam-se os movimentos associativos – cultuais e profissionais –, ultrapassando barreiras sociais antes intransponíveis. Não faltavam também reações comunitaristas a este cosmopolitismo, procurando renovar o crédito dos deuses ancestrais. Novas mobilidades, novas rotas comerciais, o incremento da cooperação profissional, tudo contribuía para uma sociedade mais híbrida, à procura de novas ofertas espirituais. A convivialidade era o motor da participação cívica na vida da cidade. Assim, diferentes formas de comunitarização religiosa organizavam esse espírito de corpo, numa sociedade em mudança.
É este o contexto de emergência do que a historiadora Marie-Françoise Baslez apelidou de «revolução paulina»: um «evangelho» anunciado numa língua comum, em circulação pelas vias do Império; a casa (oikos) como lugar de transformação, em tensão com a cidade; a ideia de uma Igreja universal, onde «não há judeu nem grego, não há servo nem homem livre, não há macho e fêmea» (Gl 3, 28). O impacto desta «revolução paulina» não deixou de ter ecos na história do Ocidente, continuando a desafiar muitos dos que pensam o nosso presente.
Destinatários
- Agentes ligados a diferentes contextos de transmissão religiosa e cultural;
- Outros agentes ligados aos domínios da educação, comunicação, cultura, liderança e assistência religiosa;
- Estudantes de diferentes programas do ensino superior interessados em formação especializada no domínio dos Estudos Bíblicos e dos Estudos de Religião;
- Outros públicos interessados em formação contínua.
Calendário
- 31 de maio
José Tolentino Mendonça e a metamorfose necessária
José Rui Teixeira - 7 de junho
Alain Badiou e o universalismo paulino
Teresa Bartolomei - 14 de junho
Giorgio Agamben e o tempo que resta
Alex Villas Boas - 21 de junho
E. P. Sanders e a religião de Paulo
José Carlos Carvalho - 28 de junho
Marie-José Mondzain e a língua de passagem
Paulo Pires do Vale
Moderação e comentários: Alfredo Teixeira
Taxas
60€ (inclui certificado)
Docentes da UCP e alunos de cursos conferentes de grau da Faculdade de Teologia (ou em associação com a FT) estão isentos de taxa de inscrição.