No meio académico e na comunicação social, surgiu, nos últimos anos, um interesse crescente nas pessoas que afirmam viver “sem religião”. Na última década, apareceram muitos estudos científicos e textos de opinião pública sobre este grupo social, estabelecendo, na sua maioria, uma analogia com as narrativas dominantes da secularização ou da modernização. A partir dos anos 1990, vários inquéritos evidenciaram, de facto, o crescimento quantitativo das pessoas “sem religião” e tiveram como consequência a intensificação do interesse neste grupo social, estimulando, ainda mais, a suposição de que existe uma conjugação entre as pessoas “sem religião” e a secularização. Em Portugal, as pessoas “sem religião” representam já o segundo maior grupo da população total. No entanto, a afirmação de “não ter religião” é sociologicamente ambígua. Um olhar mais atento sobre as pessoas “sem religião” revela que se trata de uma categoria que abrange um vasto conjunto de posições diferentes. Assim, a declaração “sem religião” não significa necessariamente “não religioso” ou vivendo sem um determinado horizonte transcendente. Neste seminário pretende-se uma aproximação sociológica à categoria das pessoas “sem religião”, identificando mais em detalhe (e sob uma perspectiva histórica) a heterogeneidade deste fenómeno.
A Diversidade das Identidades "sem religião": uma Aproximação Sócio-Cultural
6 ECTS / Semestral / Português