A Teologia é Cultura, Mário Linhares, Lisboa 2021 (Faculdade de Teologia - Sede)
Mário Linhares
O desenho sempre foi o seu tema de eleição. Estudou na António Arroio, lugar onde a Filosofia, a Arte e o Design se revelaram temas importantes na sua vida. Licenciou-se em Design Paisagístico e descobriu que a beleza do planeta ultrapassa o que percepção consegue alcançar. Começou a ensinar Desenho por paixão e decidiu voltar a estudar (Design de Equipamento, Faculdade de Belas-Artes), deixando-se encantar pelas relações inseparáveis ser/fazer e ética/estética. Continuou a ensinar Desenho, seguiu estudos no mestrado em Ensino das Artes Visuais, onde percebeu que todos aprendemos de modo muito diferente. O desenho como parte integral de uma vivência quotidiana levou-o a iniciar a sua investigação de doutoramento, também na Faculdade de Belas-Artes, onde procura levar o conteúdo dos textos bíblicos para a metodologia de trabalho artístico. Para tal, inscreveu-se nas cadeiras bíblicas da Faculdade de Teologia e a exegese ampliou-lhe os conhecimentos, tornando-se determinante para mergulhar a fundo na relação do Desenho com a Hermenêutica dos textos bíblicos.
A sua tese "O Espiritual no Desenho: dos textos bíblicos ao desenho quotidiano", encontra-se em fase de redação final.
A obra, em acrílico e tinta da china sobre madeira integra 4 peças.
"Comecemos pelas madeiras. Estas tábuas deambularam naufragadas no mar e foram recolhidas numa praia de pescadores da Apúlia. Os cantos arredondados e desgastados pelo sal eram sinais de uma vida com fim anunciado. As madeiras foram limpas com água doce e deixadas a secar durante dois anos, apanhando a chuva de inverno e a humidade de Sintra. Continuemos com as tintas. Mancha a acrílico preto para destacar as cores da madeira. Quanto ao desenho, são mapas que conciliam Lisboa com quatro cidades: Montpelier, cidade natal de São Roque; Toulouse, onde São Domingos fundou a sua ordem; Velankanni, pequena localidade indiana onde o culto a N. Sr.ª da Saúde tem origem; Hipona, cidade onde Santo Agostinho foi bispo. Avancemos com o pensamento. Os evangelhos colocam-nos num caminho que rompe fronteiras. Habitamos a nossa cidade, mas ela lembra-nos que estamos apenas de passagem. O caminho, quando inspirado pelo texto bíblico, tenta conciliar o inconciliável, unir geografias, pisar ao mesmo tempo territórios próximos e distantes. Recuperar o irrecuperável, fazer andar quem não caminha, abrir horizontes".
Mário Linhares, Lisboa, 2021
Ficha técnica:
Peça 1 “Ao romper da manhã” (Mt 27, 1a) Lisboa — São Roque — Montpelier, 2021 83 cm x 12 cm - acrílico e tinta da china s/ madeira
Peça 2 “Obrigaram, então, um homem que passava” (Mc 15, 21a) Lisboa — São Domingos — Toulouse, 2021 51 cm x 12,5 cm - acrílico e tinta da china s/ madeira
Peça 3: “Seguia-o uma grande multidão” (Lc 23, 27a) Lisboa — N. Srª da Saúde — Velankanni, 2021 46 cm x 9,5 cm - acrílico e tinta da china s/ madeira
Peça 4: “Tenho sede!” (Jo 19, 28b) Lisboa — Graça — Hipona, 2021 63 cm x 9,5 cm - acrílico e tinta da china s/ madeira