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Do púlpito ao algoritmo: a fé em tempo pós-digital

Segunda-feira, Dezembro 22, 2025 - 11:03
Publicação
Diário do Minho

Fonte: Diário do Minho. Autor: Luís M. Figueiredo Rodrigues

Vivemos num tempo em que o digital deixou de ser “novidade” para se tornar o ar que respiramos. Já não saímos da internet para voltar à vida real: habitamos uma única realidade tecida por ecrãs, dados e conexões permanentes. É este o horizonte pós-digital. E é neste lugar, não noutro, que hoje se joga a fé, a pertença e a própria credibilidade das instituições religiosas.

Durante demasiado tempo, a pastoral e a teologia olharam o digital como um simples microfone mais potente ou um cartaz mais vistoso. Abrimos páginas, fizemos “lives”, multiplicámos conteúdos, mas muitas vezes sem perguntar o essencial: que tipo de pessoas, relações e comunidades estão a nascer dentro desta cultura de rede? O crente de hoje é, queira ou não, um ser digital: pensa, sente, reza, indigna-se e organiza-se num ambiente mediado por plataformas que filtram o que vê, o que lê e até o que considera desejável. É aqui que se joga também a credibilidade pública da própria teologia, chamada a ler estes sinais sem medo.

Daqui nasce um primeiro desafio teológico: levar a sério o digital como lugar teologal. Não se trata de saber se “Deus pode estar na internet”, mas de reconhecer que, nas conversas de grupo, nas partilhas de dor ou de esperança, nas redes de solidariedade que emergem online, há um clamor espiritual que pede interpretação. A religião em rede mostra-nos comunidades que se organizam em torno de interesses comuns, influenciadores que se tornam referências espirituais e práticas de oração que atravessam fusos horários num simples clique. Ignorar isto é abandonar um enorme areópago às lógicas cegas do mercado da atenção.

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